quarta-feira, 20 de julho de 2011

Capitulo 8 - Tentando ser corajosa

A merenda estava terrivel naquele dia. Eu não gostava de creme de baunilha nem se estivesse morrendo de fome. Mas o problema é que estava morrendo de fome. A unica solução seria...
- Um pastel de frango, por favor - gemeu a pequena Cassie, com educação para o vice-diretor, que atendia o bar da escola.
Eu nunca comi algo escondido e tão rapido em toda a minha vida. Vi aquele pastel como se fosse desesperamente sumir da minha frente e comi. Comi tão rapido como nunca.
Dois minutos depois, estava no banheiro, vomitando. De proposito.
Na hora do recreio, vi aqueles olhos que tanto tinha medo me olhar. E agora, o que eu ia dar a ele?
- E ae coisa gorda? - Não sei porque aqueles insultos me doiam tanto por dentro, mas eu sabia que dentro de mim, batia um coração que gostava daquele rostinho de anjo - Cadê a grana?
Respirei fundo. E agora, o que falar a ele?
- Eu, ann, minha mãe não tinha dinheiro hoje - menti.
Seus olhos pegaram fogo de raiva e eu senti meu corpo estremecer.
Seu braço me puxou com força como eu nunca tinha visto antes. Me levou pra um canto onde ninguem nos veria e me socou o olho. Não doeu só por fora. Doeu por dentro também.
- E não esqueci dessa grana amanhã.
Quando, juntos, saímos do canto, dei de cara com nossa professora de matematica, que olhou com ar de desconfiança para meu olho agora inchado e levemente arroxeado.
- Onde conseguiu isso, Cassie?
Como garota mais nova da pequena escola, era facil para os professores decorar meu nome.
- Eu caí - menti - Bati o olho numa pedra no chão, lá fora.
- Acho que vou ter que roubar a Cassie um pouco de você, Arthur.
A professora me levou até a sala dela, sem nunca olhar para tras. Quando entramos na sala, ela se ajoelhou em minha frente para olhar meus olhos, e torceu o labio.
- Qualquer coisa que quiser me falar, Cassie, qualquer coisa, pode falar, tá? - ela falava como se suplicasse que contasse a ela - Ninguem vai machucar você, se contar, eu prometo. Tem algo pra contar?
Por segundos, perguntei a mim mesma se deveria contar a ela. Mas o rosto angelical de Arthur sempre vinha em minha mente, como um castigo, um aviso. Não, eu não podia entregá-lo. Eu o amava. Fosse como amor ou amigo. Eu amava aquele menino que me maltratava.
- Não, professora - disse - Tenho nada pra contar, não.
Ele assentiu.
- Quando quiser, Cassie - ela repetiu - Quando quiser.

0 a favor:

Postar um comentário