Senti minha mae se aproximar da minha casa, e ri quando senti os pequenos toques no pescoco. Minha mae naum costumava fazer isso. Meu pai me acordava.
Meu pai era uma especie de mistura de pai e mae. Trabalhava so no periodo da manha, quando eu ia a escola, e eu passava o resto do dia com ele e Vitoria. Eu o adorava, idolatrava ate. Mas sentia falta da minha mae.
Ela trabalhava quase o tempo todo. Quase sempre ate. Era policial. Meu pai era advogado. Eu queria me tornar como ele.
- Sabia que voce estava acordada - riu minha mae. - Naum vai conseguir ficar em casa no seu primeiro dia.
Gemi. Eu naum queria ir. Eu tinha medo. Na outra escola mal tinha amigos, nessa tinha medo de naum ter nenhum. Busquei o travesseiro de baixo da cabeca e cobri o rosto, tentando fazer ela me deixar em paz.
Minha mae riu e arrancou naum so o travesseiro, como o edredon rosa que me cobria o resto do corpo.
- Ja chega, mocinha - bronqueou a policial que vivia dentro da minha mae - Eu preciso trabalhar e voce naum vai ficar em casa!
- Ta, eu ja entendi - resmunguei, enquanto me espreigacava - Se voce for assim com os bandidos, eu tenho pena deles.
Minha mae naum respondeu. Segurou minha mae para que levantasse e me entregou a roupa, ja separava para que eu vestisse. Uma blusa vermelha, uniforme da escola e uma maldita calca xadrez que eu detestava.
Eu trocaria a roupa se pudesse, mas eu mesma naum ia escolher uma roupa melhor. Era pessima em moda.
Estava com tanto medo que chorava, meio sem querer. Percebi que minha mae me espiava ao longe e as mandei embora, rapidamente. Nada de choro. Nada de mais preopacoes pra dona Gimena.
Troquei de roupa, meio que ainda dormindo, enquanto pensava no que me esperava do lado de fora. Tensao, horror, medo, ansiedade. Tudo que dominava minhas veias ao extremo.
Coloquei a mochila nas costas, meio contra a vontade e acenei pra minha mae. Subi na viatura da minha mae, que me levaria pra escola sem precisar muito tempo.
O problema era o depois.
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