domingo, 10 de julho de 2011

Capitulo 6 - Violencia sem nome

Como nos outros dias, minha mãe me levou de carro até a entrada da escola. Quando me preparava pra descer, senti a mão gelada de minha mãe no meu ombro.
- Cassie, sobre ontem... - começou, hesitanto, aos poucos tentando entrar no assunto que não queria - Você vai ganhar um sobrinho, vai ser tia. Vitoria está gravida.
Gelei. Como podia uma menina de catorze anos, gravida?Meu coração pulou no peito, mas sorri, com a espectativa do bebê, como inocente que era.
- Legal, mãe.
Minha mãe sorriu.
- As vezes queria ter sua ingenuidade, Cassie.
Como grande nerd que era, sabia o que significava aquela palavra. Mas apesar de saber de onde vinham os bebes (leituras também fazem mal), eu preferia ignorar o fato de que minha irma teve que fazer aquilo pra ter meu sobrinho. Ela ia ter e pronto.

A hora do recreio ela a que eu menos gostava na aula. Não pelo fato de ser nerd, e gostar de estudar. Mas pelo fato de ser a hora que encontrava Arthur.
- E então, coisa gorda, o que trouxe pra mim hoje?
Estendi as mãos cheias de moeda pra ele, que pegou as moedas e colocou no bolso. Por um minuto, pensei ter visto tristeza em seus olhos, mas foi uma imprensão vaga, claro.
- Vai andando, magrela, to com pressa.
Saí da frente dele antes que me pedisse outra coisa. Tremia quando estava diante dele. Era como se estivesse na frente do proprio bicho-papão.
- Oh, feiosa - gritou, e eu virei pra tras - Amanhã vê se capricha né, isso aqui não tá dando nem pro buraco do dente.
Afirmei com a cabeça.
Gorda, megrela, feiosa. Era assim que ele me tratava.

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